segunda-feira, 4 de abril de 2011

Os Museus e a ExpoNoivos

A exposição “Obras de referencia dos Museus da Madeira”, organizada pela DRAC em Lisboa durante 2010, foi premiada como a melhor exposição do ano em Portugal. No campo desportivo equivaleria a que Ruben Micael fosse considerado o melhor jogador da Liga de futebol ou que Bernardo Sousa fosse campeão de ralis. Obviamente que isto mereceria parangonas televisivas e primeiras páginas destacadas de jornais (se fosse um evento desportivo...), mas não. O prémio passou despercebido para muita gente e, uma vez mais perdeu-se uma excelente oportunidade para ganhar competitividade noutra escala.

É que, enquanto no desporto ficam apenas as molduras jornalísticas, este prémio cultural teria um impacto maior na nossa sociedade do que muitos imaginam. Se tivéssemos uma entidade de turismo que agarrasse no prémio (e nos mais de 50.000 visitantes da exposição) e o transformasse numa campanha de promoção da Madeira (“Se gostou tanto desta exposição, venha à Madeira ver o que ainda não mostrámos”) ou ainda fazendo a ponte para a extraordinária viagem Art Déco no Centro das Artes da Calheta, “Mostrámos a melhor exposição em Portugal, mas na Madeira está a melhor do Mundo”; estaríamos a potenciar um investimento arriscado numa fórmula de sucesso.

Se a visão arrojada fosse algo comum nos nossos decision makers, estariam neste momento constituídas task forces no turismo, cultura e economia a preparar outros projectos semelhantes, aproveitando a ponte de magia que esta exposição no Palácio Nacional da Ajuda abriu a muita gente, que até esse momento vituperava de forma cega e inconsciente a Madeira. Ao invés, avançamos alva e pouco segura para a ExpoNoivos vendendo um produto gasto, cada vez mais alicerçado em combates fratricidas de pricings e totalmente fora do nosso controlo. Resta-nos o prémio e muitas conversas de café mais, sobre as potencialidades do turismo cultural.

Janeiro 2011, JMM

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