terça-feira, 30 de julho de 2013

Um FUNDO DE INVESTIMENTO CULTURAL para o Funchal

A política cultural da Câmara Municipal do Funchal não deverá ser avulsa, constituída por um mero conjunto de eventos ad hoc, mas sim planeada e inserida num plano estratégico de desenvolvimento local. No que respeita à Cultura, a candidatura de PAULO CAFÔFO à CM do Funchal não pode dissociar-se dos desafios globais que o munícipio terá nos próximos anos. O desemprego, a coesão social, a gestão urbanística e a procura de novas etapas financeiras são tarefas hercúleas que exigem propostas absolutamente diferentes das que foram tidas em conta nos últimos mandatos no Funchal. Não se pode querer manter o estado actual de coisas quando esse estado é pura e simplesmente o imobilismo cultural e a cópia contínua de modelos esgotados.

O nosso objectivo é mudar por completo o panorama cultural da cidade do Funchal. Transformá-la numa cidade criativa, aumentar de forma exponencial o público consumidor de eventos culturais, exportar os melhores criadores e autores funchalenses e acima de tudo, provar que a Cultura e as Indústrias Criativas são uma das bases do novo paradigma de desenvolvimento que o Funchal pode iniciar para a Madeira e também para a Portugal.

Para isso, definimos quatro políticas concretas para a intervenção cultural da CM do Funchal no próximo mandato:

A Cultura como promoção de emprego
A Cultura como suporte da coesão social
A Cultura como ponte para a inovação
A Cultura como reforço da competitividade económica

Nesse âmbito, uma das iniciativas de carácter transversal a esta intervenção reside na criação de um FUNDO DE INVESTIMENTO CULTURAL em parceria com entidades privadas, colectivas e particulares, que assuma duas estratégias: apoiar a edição, promoção e internacionalização de artistas e agentes culturais do Funchal, criar uma estratégia de aquisição de obras artísticas regionais, que apoie a revitalização e requalificação do património edificado e que ainda se assuma como entidade de capital de risco para apoiar projectos empresariais na área da cultura e indústrias criativas que se fixem no Funchal.

Este FUNDO DE INVESTIMENTO CULTURAL terá como suportes financeiros não só o orçamento municipal, mas acima de tudo a sua integração em sistemas de incentivos especiais da União Europeia no âmbito de programas como o JEREMIE (que a Madeira desprezou nos últimos anos), a participação de mecenas e investidores privados, quer da Madeira, quer da Diaspora madeirense e ainda uma nova regulamentação municipal ligada à Lei do Mecenato que envolverá de 0,5% a 1% de todo o investimento e aquisição de despesas de capital da Câmara Municipal do Funchal, gerando assim mais receitas para as actividades culturais do Funchal.

A gestão do FUNDO DE INVESTIMENTO CULTURAL será feita pela CM do Funchal, apoiando os projetos culturais dos cidadãos que surjam durante a discussão do ORÇAMENTO PARTICIPATIVO que a Coligação Mudança pretende implementar na política da cidade. Ou seja, os projectos aprovados serão selecionados também pelos próprios munícipes numa lógica de cidadania activa e participativa.


Com a criação do FUNDO DE INVESTIMENTO CULTURAL, a Coligação Mudança quer duplicar o orçamento de investimento na Cultura e Indústrias Criativas em 3 anos, gerando novas oportunidades para os artistas e agentes culturais da cidade, quer numa perspectiva meramente artística, quer numa perspectiva empresarial inovadora que crie emprego, reforce a coesão social e aumente a competitividade económica do Funchal.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Vamos fazer uma festa de divórcio ?

Há alguns anos apareceu uma revista em Portugal cujo lema promocional era “Despeça-se já!”. Dedicada ao empreendorismo, esta publicação fazia a apologia do auto-emprego e prometia a todos os empreendedores um futuro risonho se abandonassem os seus empregos e se dedicassem à sua utopia, fosse ela uma ideia própria ou apenas um copy-paste de outrem. Aliando a isto uma outra jura de financiamento fácil e mercado inesgotável, muitos foram os que arriscaram e, na verdade, Portugal viveu uns quantos anos de reboliço efervescente, onde professores abandonavam as aulas e exploravam franchisings de cosmética, enfermeiros lançavam-se em projectos de animação turística e quadros bancários criavam a rodos negócios Web que vendiam tudo e mais alguma coisa (inclusive um amigo meu fundou em Lisboa uma agência especializada apenas em festas de divórcio!!!).
Dez ou quinze anos após tudo isto, que balanço se pode fazer desta geração de empreendedores pioneiros ? Numa recente conferência, muitos deles expuseram as suas experiências e apesar de mais de 90% não ter conseguido consolidar com sucesso os seus primeiros negócios, poucos foram os que se arrependeram de ter dado este salto no desconhecido. Mais: a larga maioria reconhece que os falhanços iniciais foram fundamentais para uma segunda vaga de iniciativas mais consistentes, que, surpresa das surpresas, não se basearam tanto no egocentrismo empreendedor, mas sim na procura de parcerias e redes de cooperação com outros iguais ou complementares.

Tudo isto para chegarmos ao Funchal e às colmeias criativas que vão pululando por aí. Grupos de artistas plásticos com galerias rolantes, bandas de rock em concertos de autocarro, pequenos projectos de teatro alternativo em espaços degradados e outras iniciativas mais ou menos independentes que surgem sem apoios públicos, mas também sem consistência estratégica para a cidade. São micro-explosões de criatividade, úteis para o bem estar mental dos artistas, mas que necessitam de ser enquadradas por uma política cultural urbana que as potencie e as complemente com uma nova forma de fazer cultura no Funchal. Quem conseguir criar este clima de cooperação e parceria estará de certeza daqui a 10 ou 15 anos numa conferência a explicar porque é que o Funchal se tornou uma verdadeira capital criativa do Atlântico.