segunda-feira, 4 de abril de 2011

O ser criativo

Todas as regiões possuem marcas criativas distintivas. São essas marcas que diferenciam umas das outras, que fazem o sucesso ou o falhanço, que garantem a inovação ou mantêm a tradição. No entanto, há um novo factor em jogo: o carácter único de uma marca perdeu a primazia para a capacidade de interação da mesma com outras regiões e outras marcas criativas. Neste mundo unido pelas teias da Internet, uma marca criativa única que não se consiga relacionar com outras perde grande parte do seu valor, porque não gera agregação económica. O valor de um criativo está assim na sua capacidade de interacção e empatia com outros mercados para além do seu, criando networkings a partir de factores distintivos, mas que não sejam fechados sobre si próprios na sua evolução criativa. A cultura criativa emergente é uma cultura de sampling e de remix, onde os criadores operam numa “economia de partilha” que se diferencia da economia tradicional pelo simples facto de que o “preço”, a “acumulação de bens” e a “propriedade” de um bem ou serviço já não são o mais importante, mas sim o seu “acesso”.

Os criativos da Madeira se algum dia quiserem ser auto-sustentáveis e ganhar capacidade de influência terão que aprender e utilizar conceitos como “coopetição” ou “networking”. Já não são os deuses de um Olimpo encerrado numa concha individual artística, mas elementos permanentes de um processo em mudança, recebendo e jogando energias de uns para outros, como se estivessem numa constante performance num palco global.

Dezembro, 2010, JMM

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