quinta-feira, 18 de abril de 2013

Para um Funchal Criativo


Pensar o Funchal como uma cidade atlântica que se irá posicionar como um espaço de criatividade livre e experimental é um dos desígnios para a próxima vereação funchalense, seja ela de que partido fôr. Num esforço público/privado, o Funchal terá que oferecer infraestruturas de habitação temporária para artistas a preços reduzidos, terá que criar espaços públicos de performance e interactividade entre artistas e público e terá que potenciar espaços para instalação de artistas e criadores residentes. 
Não basta termos um clima ameno, boa qualidade de vida e sermos cosmopolitas (embora sejamos muito mais conservadores do que imaginamos!). 

O centro do Funchal tem esse potencial com a existência de vários bairros ou quarteirões abandonados por proprietários comerciais e industriais que fecharam com a crise ou saíram para parques industriais em zonas suburbanas. A criação de BAIRROS CRIATIVOS no Funchal deverá ser uma prioridade para a Câmara Municipal do Funchal no curto prazo, afim de evitar um crescente esvaziamento da dinâmica do centro da cidade. A Câmara Municipal do Funchal terá um papel fundamental na dinamização destas potencialidades todas e na criação de mecanismos de incentivos para a atração e fixação de artistas, start ups inovadoras, associações culturais e outros agentes das indústrias criativas que possam transformar o Funchal numa capital atlântica do sector e assim florescer novos paradigmas de negócio e cooperação com outras regiões.

E como financiar este esforço de mudança ? 
Este projecto deverá ser negociado globalmente entre a Câmara Municipal do Funchal e as principais instâncias que gerem as estratégias de financiamento da RAM, a saber: Governo Regional, IDR, IDERAM, Formação Profissional, M-ITI, Universidade da Madeira, surgindo como uma das estratégias principais da Madeira para o Quadro Comunitário 2020 para a área da Cultura, Juventude e Inovação. Para isso, os putativos candidatos devem -desde já- estabelecer as suas prioridades junto destas instâncias, afim que o Funchal não fique de fora dos fundos comunitários disponíveis (como se encontra desde há 4 ou 5 anos) criando programas-chapéu que mereçam a atenção da União Europeia e que depois se consubstanciem em iniciativas concretas. Apesar das reduções globais nos orçamentos da UE para a Madeira, estas áreas terão aumentos concretos (por ex, os projectos para a Juventude e Inovação), desde que se apresentem estratégias globalmente integradoras e em cooperação com outras entidades.

Mas o financiamento deverá igualmente ser negociado com as entidades privadas que operam no Funchal para que percebam que a cultura e as indústrias criativas podem criar riqueza, gerar empregos e promover a atração turística. Empresas do sector turístico, das telecomunicações e audiovisual, dos transportes e imobiliárias que poderão ter aqui importantes achegas para os seus modelos de negócio que caem a pique desde 2008.

Qualquer que seja a força política a governar o Funchal nos próximos tempos, ela não poderá continuar a viver apenas com uma política cultural de festas e grandes desfiles históricos que enchem o olho, mas que não trazem sustentabilidade para os agentes culturais e criativos que têm surgido nos últimos anos na capital. Ela terá sim que se preocupar com toda uma geração altamente qualificada dos 15 aos 35 anos que, de repente ficou entalada numa crise sem precedentes, com as suas famílias endividadas e com a emigração como única hipótese de sobreviverem nos tempos mais próximos. Impedir ou minimizar tudo isto deverá ser o Desígnio do próximo governo do Funchal. Que não tem outra saída se não fôr bastante criativo na sua função.