Não tenho dúvidas que o combate ao
desemprego é o nosso equivalente à tarefa de Hércules para os
próximos anos, exigindo novas políticas e metodologias inovadoras
para que toda uma força de trabalho qualificada seja reintroduzida
na economia produtiva e seja uma combustão positiva na sociedade.
Na Madeira, é fundamental olhar para a
radiografia do nosso desemprego e mesclando os vários indicadores é
possível termos iniciativas válidas e inspiradoras que reduzam o
desemprego. Dou exemplo abaixo de uma delas que há algum tempo
deveria ter sido iniciada.
A Madeira tem neste momento mais de
7.000 desempregados com instrução de nível secundário ou
superior, dos quais mais de 2.000 são jovens até aos 25 anos. Como
os seus congéneres empregados, a larga maioria destes jovens
desempregados utiliza o seu tempo livre na Internet, surfando as
redes sociais, vendo vídeos no YouTube ou em foruns de mensagens
gratuitas, numa constante actividade comunicacional com um potencial
fantástico para ser maximizada em iniciativas profissionais. Pensem
na energia eólica: é como se estivéssemos num campo aberto em que
o vento é intenso e poderoso, faltando-nos apenas a fórmula para
captar a sua energia de forma positiva e utilizá-la para fins mais
socialmente lucrativos.
Do outro lado do pote temos um sector
do Turismo que vem definhando na Madeira há vários anos. Falta de
políticas sustentadas, inércia e saturação de quem pensa a
promoção e ainda problemas estruturantes ao nível da oferta fazem
com que a actividade turística (a única que ainda tem um futuro não
totalmente dependente da troika e do PAEF) esteja em decadência e,
tal como o desemprego, necessite urgentemente de medidas inovadoras e
inspiradoras que levem à mudança de paradigma.
No sector, há um nicho de mercado que
vem se tornando cada vez mais crítico para todos os agentes e que as
políticas de promoção turística da Madeira vêm neglicenciando de
forma absurda. A promoção e comunicação online do destino
Madeira. O marketing online tem vantagens incríveis ao nível dos
custos, da mensurabilidade, da rapidez, da flexibilidade, da partilha
e da direcionalidade da mensagem que não são alcançáveis por
qualquer outra estratégia de comunicação. Ao contrário do que as
pessoas pensam, o marketing online é brutalmente eficaz quando
combina tecnologia (softwares de CRM, reporting, networking, etc,
etc...) com a paixão das pessoas que trabalham esses mesmos
suportes. Ora, não há mais paixão como aquela que os madeirenses
sentem pela sua terra.
Então porque não combinar o vento
intenso de comunicação que resulta destes 2.000 jovens
desempregados que surfam pela Net com uma estratégia global e
estrutural de promoção turística da Madeira na Web ? Não de uma
forma atabalhoada e errática, mas preparada através de formação
profissional específica (6 a 8 meses de formação especializada) e
orientada para o mercado, para os vários activos que a Madeira
possui, trabalhando os nichos de mercado muito cirúrgicos (eventos,
actividades, identidade cultural, etc) ao lado de uma promoção que
incida sobre a mensagem genérica da Madeira, fazendo follow up da
mesma.
Os resultados expectáveis são
enormes: se cada um destes jovens gerar 2 novas reservas turísticas
por mês durante 1 ano de experiência, após o período de formação,
estamos a falar de 48.000 novos turistas anuais, com uma estimativa
de receitas brutas na ordem dos 60 a 70 milhões de euros (gasto
médio pelo pacote da viagem) ou de 19 milhões de euros em gastos
médios locais. Não tenho dúvidas que estes números podem ser
ainda mais elevados, tendo a posteriori um efeito fantástico na
competividade do turismo madeirense e na revitalização da sua
economia, gerando alavancas positivas para todos os outros nichos de
emprego, directa ou indirectamente relacionados com o turismo.
O Estado deverá ser o motor de
arranque de uma iniciativa como esta, deixando após os primeiros 12
meses que o sector privado absorva esta massa comunicacional, através
de um pacote de incentivos à contratação (alguns deles
amplificando os actualmente existentes no Instituto Regional de
Emprego) e à criação do auto-emprego.
E como financiar isto tudo ? Um
programa ambicioso como este terá um custo expectável na ordem dos
30 milhões de euros, se juntarmos 8 meses de formação a 1 ano de
actividade específica desta massa de jovens. O financiamento de um
projecto como este deverá ser uma das linhas principais do novo
Quadro Comunitário de Emprego e apresentado à União Europeia como
uma linha da frente do combate ao desemprego jovem. A UE reserva para
o período 2014-2020 mais de 15 mil milhões de euros para a formação
e combate ao desemprego jovem. A Madeira com uma iniciativa destas
pode estar na pole position desta estratégia.
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